A necessidade de investimento em infraestrutura de SC é uma das principais queixas das entidades ouvidas no projeto SC Ainda Melhor, da NSC Comunicação. O tema é um dos cinco eixos apresentados no levantamento e deve ser um desafio à próxima gestão do governo do Estado, da União e dos novos parlamentares catarinenses.
As rodovias federais de Santa Catarina tiveram o segundo maior número de acidentes e feridos em 2021, atrás apenas de Minas Gerais, que tem malha viária mais de três vezes maior. No total de mortes, o Estado foi o quarto do país, conforme os dados do anuário da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Sobre as condições das rodovias, uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que SC tem 71% das vias em condições regulares, ruins ou péssimas, com metade delas nas últimas duas classificações. O quadro acarreta risco aos motoristas e perda de produtividade às empresas, que dependem do transporte de cargas.
A maior preocupação na infraestrutura diz respeito às rodovias. O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Santa Catarina (Fetrancesc), Dagnor Schneider, cita como um dos principais gargalos do Estado trechos da BR-101. Mesmo já concedida à iniciativa privada, a via enfrenta dificuldades em trechos em que o trânsito urbano sobrecarrega o espaço junto a trajetos de longa distância.
É o caso da Grande Florianópolis, onde o Contorno Viário é aguardado desde 2012 como esperança de reduzir os congestionamentos no trecho entre Biguaçu e Palhoça. Outros pontos da maior rodovia do Estado que segundo o dirigente também estão perto do limite são o de Itajaí e Balneário Camboriú e o da região de Joinville.
— Na nossa visão, precisamos olhar com mais serenidade e responsabilidade para a infraestrutura, que com certeza será um gargalo, uma ameaça ao desenvolvimento da atividade econômica, seja em Santa Catarina, como é no Brasil. É um tema, na nossa visão, de extrema relevância para o Estado — afirmou.
Eixos do SC Ainda Melhor
Eixo 1 — Investimento em Infraestrutura
Eixo 2 — Educação e qualificação de mão de obra
Eixo 3 — Ampliar o protagonismo de SC
Eixo 4 — Eficiência na gestão e visão de estadista
Eixo 5 — Investimento em saúde em longo prazo
Investimentos públicos e da iniciativa privada
As dificuldades em infraestrutura recebem investimentos por parte do poder público. Em 2021, o governo do Estado firmou acordo com a União para repassar R$ 465 milhões a obras federais em SC, como a duplicação da BR-470, no Vale do Itajaí, e BR-280, no Norte do Estado.
A integração entre os órgãos de governo para a definição dos recursos federais, estaduais e parcerias com a iniciativa privada é apontada como um dos desafios pelo engenheiro civil e professor da UFSC, Eduardo Lobo.
Lideranças de SC defendem que o investimento da iniciativa privada poderia ajudar no avanço da infraestrutura no ritmo que o Estado precisa. O presidente da Aurora, Neivor Canton, afirma que isso poderia permitir as melhorias caso o orçamento público não possa ser ampliado para essa área.
— Com a reduzida capacidade de investimento que o Estado terá, e falo da União em especial, não há porque continuarmos teimosamente esperando que as obras sejam construídas com recursos públicos. Hoje é praticamente consenso de que tanto rodovias quanto ferrovias vão para a possibilidade da iniciativa privada porque é melhor termos a estrutura pagando por ela, pelo seu uso, do que ficarmos o tempo todo sem a perspectiva de desenvolver os nossos negócios — defende.
Ferrovias são alternativas para transporte de cargas
As rodovias são a principal preocupação, mas o tema infraestrutura engloba também outros investimentos também importantes para o desenvolvimento econômico do Estado.
O engenheiro civil e professor da UFSC, Eduardo Lobo, lembra da importância das ferrovias e também do modal aéreo.
Nesse último caso, ele afirma que com parcerias público-privadas seria possível replicar em aeródromos do interior do Estado modelos como o de concessão feito no aeroporto de Florianópolis, que permitiu a construção de um novo terminal. A estratégia poderia criar alternativas logísticas para além do sistema rodoviário.
No caso das ferrovias, elas são muito bem vistas também pelo empresariado. O presidente da Aurora cita o ramal de Cascavel a Chapecó, que está em fase de estudo e pode integrar o trajeto à Nova Ferroeste.
A ferrovia ligará o Mato Grosso do Sul ao Porto de Paranaguá, no Paraná. Para os catarinenses, a extensão seria útil principalmente para o transporte de grãos para a agroindústria do Oeste de SC.
— Falo de 5 milhões de toneladas de milho/ano que precisam vir do Centro-Oeste brasileiro, com prioridade Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, mas também Paraná, onde outro ramal ferroviário, de Cascavel a Foz do Iguaçu, poderão estar aliados ao nosso ramal. Dessa forma, teríamos assegurada a continuidade da agroindústria no Oeste de SC. Se isso não acontece, obviamente nossa sobrevivência está ameaçada — afirma.
A Ferrovia Leste-Oeste e a Ferrovia Litorânea são outros dois projetos idealizados por indústrias catarinenses. Os trajetos poderiam ajudar no transporte de insumos para as agroindústrias e de cargas dessas empresas em direção aos portos catarinenses. Viabilizar esses projetos, no entanto, têm sido outro desafio catarinense a ser vencido nos últimos anos, e que deverão estar na agenda dos próximos governantes.
Alguns trechos tiveram o projeto licitado nos últimos meses. A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) também acompanha o tema e defende os investimentos na construção das ferrovias.
Sugestões das entidades para infraestrutura
- Criar plano estruturado e urgente para melhorar a condição das rodovias catarinenses, com acompanhamento contínuo de todas as etapas até a entrega.
- Investir em novos modais de transporte que garantam o escoamento da produção catarinense.
- Ampliar o fornecimento e a distribuição de energia elétrica e o acesso à internet em todas as regiões.
- Investir em fontes de energia renováveis.
- Articular as forças necessárias para garantir os recursos para as grandes obras, como ferrovias e ampliação de portos e aeroportos.
- Priorizar a melhoria das condições de saneamento.
- Revigorar planos de prevenção a eventos e desastres climáticos.
Fonte: NSC