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Quarta, 30 Abril 2025 09:15

Rodovia histórica, BR-040 será modernizada com investimento de R$ 8,84 bilhões

 

Inaugurada em 1861 por Dom Pedro II e batizada como Estrada União e Indústria, a BR-040 era a principal rota dos barões do café e comerciantes, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis, cidade serrana que servia de refúgio à família imperial durante longas temporadas de verão.

O trecho Rio-Petrópolis da rodovia foi o primeiro pavimentado do Brasil, em 1928, por determinação do então presidente Washington Luís. Nos anos seguintes, a infraestrutura foi estendida até Juiz de Fora e, durante o governo de Juscelino Kubitschek, consolidou-se como uma das principais ligações com Brasília, a nova capital federal.

“Falar da BR-040 é falar de história, é uma estrada imperial. Mas é também falar de turismo, de trabalho, de educação, da ligação com o Rio de Janeiro, com Minas Gerais. Ela atravessa nossas vidas”, diz a professora de literatura Ellen Drumond, que se mudou para Petrópolis há dois anos, após viver no interior mineiro. “Conheço bem essa estrada, sempre foi meu caminho. A BR-040 precisa ser mais segura e eficiente”, completa.

E ela será. Nesta quarta-feira (30), o Ministério dos Transportes leva a leilão a BR-040/495/MG/RJ, no trecho entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG). O projeto prevê investimentos de R$8,84 bilhões para modernizar e adaptar ao fluxo atual a mais antiga estrada do país, marco inaugural da pavimentação da malha rodoviária brasileira.

“É uma estrada histórica e estratégica, mas que não acompanhou a evolução da sociedade e da indústria. Há 100 anos, os caminhões transportavam até seis toneladas. Hoje, circulam veículos com até 70 toneladas, mas a estrada é praticamente a mesma”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Luiz Césio Caetano.

O traçado da rodovia, inovador para a época, foi construído com a técnica de macadamização — sobreposição e compactação de pedras e brita — e permitia velocidades de até 20 km/h, um feito para os padrões do século XIX.

Subida da Serra

Se no século XIX alcançar 20 km/h era um avanço da engenharia, hoje essa velocidade é, por vezes, difícil de manter, especialmente na subida da Serra de Petrópolis — um dos maiores gargalos da BR-040/495/MG/RJ. A lentidão impacta moradores, turistas e setores produtivos, como indústria e agricultura.

Proprietária do tradicional hotel Solar do Império, Jane Assis relata que os turistas frequentemente entram em contato antes das viagens para saber as condições da estrada. “Recebemos ligações assim com frequência. Já temos contatos de bombeiros e canais de informação para orientar os hóspedes. O turismo depende diretamente da BR-040”, destaca.

As intervenções de grande porte previstas para este trecho, que incluem três túneis, são um dos principais destaques do projeto de concessão. A proposta do Ministério dos Transportes busca garantir o equilíbrio dos investimentos e inclui mecanismos de controle com metas e gatilhos contratuais mais precisos.

Eixo da indústria nacional

A atividade industrial está no cerne da BR-040. Minas Gerais e Rio de Janeiro, dois dos três maiores estados do país, respondem por cerca de 20% do PIB nacional. A rodovia conecta polos industriais importantes, como Juiz de Fora, Três Rios, Duque de Caxias, Campo Grande e Santa Cruz.

Em Petrópolis, destaca-se a unidade da GE Aerospace, considerada a maior oficina de motores de aviação do mundo. “Cerca de 95% do nosso volume vem do exterior. Recebemos os motores por caminhão, até Petrópolis. A previsão para este ano é de 600 revisões. Todos os dias, duas turbinas sobem e duas descem a serra em direção ao Rio de Janeiro”, explica o diretor-presidente da empresa, Julio Talon, ao lado de uma turbina de Boeing 767 com cerca de três metros de diâmetro.

Para Luiz Césio Caetano, da Firjan, a modernização da BR-040 é vital para destravar o potencial econômico da região. “A rodovia suporta mais de 20 mil veículos por dia. É o principal corredor de importação e exportação entre o Sudeste e o Centro-Oeste. São bilhões de reais em mercadorias que hoje enfrentam gargalos logísticos. A concessão representa uma chance de mudar esse cenário e impulsionar o desenvolvimento”, celebra.

Fonte: Ministério dos Transportes
 

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