Em um pacote lançado para acalmar os caminhoneiros, grupo que já organizou 13 tentativas de greve nos últimos dois anos e meio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou uma medida provisória que flexibiliza as regras de pesagem de veículos pesados, mas criou conflito com concessionárias de rodovias e governos estaduais.
A MP 1.050, enviada na terça-feira ao Congresso, aumentou de 10% para 12,5% o limite de tolerância de peso permitido por eixo em caminhões acima de 50 toneladas. No caso dos veículos com peso bruto total inferior a 50 toneladas, que correspondem à maioria da frota, essa margem de tolerância foi extinta.
O anúncio foi bem recebido por transportadoras, caminhoneiros autônomos e donos de cargas. O governo espera livrar a categoria - base eleitoral de Bolsonaro - de multas que considera injustas e baratear o custo do frete, que muitas vezes já incorpora o risco de autuação.
No entanto, a flexibilização das regras provocou queixas das operadoras privadas de rodovias e autarquias estaduais responsáveis pela conservação de estradas, além de construtoras contratadas para fazer obras de manutenção. Para elas, o efeito da medida será uma degradação mais rápida do pavimento e aumento do risco à segurança viária, com com motoristas estimulados a circular com excesso de peso.
“A medida representa uma agressão à engenharia rodoviária no Brasil e uma agressão ao próprio local de trabalho dos caminhoneiros”, diz o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Aurélio Barcelos.
Fonte: Valor Econômico