Ficou para trás o tempo em que o motorista se referia ao seu caminhão como bruto. Ao longo dos anos, as várias tecnologias incorporadas aos veículos de carga facilitaram a vida dos profissionais e permitiram uma condução cada dia mais eficiente e segura. Isso porque, fabricar caminhões confortáveis, que valorizam o carreteiro, passou a ser um dos principais objetivos das montadoras, que comprovaram que um motorista descansado gera maior rentabilidade e tem menores chances de se envolver em acidentes.
Qual carreteiro dos velhos tempos poderia prever que em tão pouco tempo a cabine do caminhão fosse ficar tão confortável e espaçosa, permitindo-lhe até ficar em pé? Ou que as camas seriam oferecidas em diversos tamanhos e banco com múltiplas regulagens? Isso sem esquecer da leveza do volante, suas opções de regulagem de altura e profundidade além de incorporar funções do sistema de som e telefone. Aliás, fazer ligação e falar no viva-voz sem ao menos tirar as mãos do volante.
Os avanços chegaram também ao painel, onde os antigos “relógios” analógicos deram lugar a um display digital, que entre suas diversas funções o computador de bordo mostra código de falhas do motor e sinaliza possíveis anomalias reduzindo as paradas não programadas. Isso sem contar a evolução da parte mecânica dos caminhões, que se tornaram muito mais eficiente trabalhando conjugada com a eletrônica embarcada, de tal modo que juntando tudo o ambiente de trabalho do motorista se tornou um espaço de causar inveja até mesmo em quem nunca sonhou em dirigir um veículo de carga.
Entre as diversas inovações que transformaram os caminhões, a caixa de transmissão automatizada é um item que merece destaque. Aos poucos, ganhou a preferência do motorista. Embora esteja disponível no mercado há pouco mais de 15 anos, se tornou item de série nos caminhões pesados produzidos atualmente no País. Tudo isso levou os motoristas à certeza de que além de serem bem mais fáceis de dirigir, os novos caminhões oferecem muito mais segurança, conforto, e gastam menos combustível.
Lembram que antes era difícil enfrentar uma viagem de mais de 12 horas, pois geralmente chegavam aos seus destinos cansados e com muitas dores no corpo. É o que disse o autônomo Júlio Cesar Aranha, 41 anos de idade e oito de profissão, que transporta carga seca no Interior do Estado. Atualmente ele trabalha com um Volkswagen 17.250, ano 2010, mas recorda que ingressou na profissão trabalhando com um Mercedes-Benz 1113.
Aranha destaca que em pouco tempo viu os caminhões evoluírem muito e passaram a entregar mais conforto e rentabilidade para o motorista. “Há oito anos eu me cansava muito mais. Os caminhões mais antigos tinham dificuldades para enfrentar subidas, o sistema de freio era fraco e ruim. Enfim, a viagem não rendia”, descreveu. Acrescentou que hoje se sente muito mais seguro com os motores mais potentes e com o freio motor. Destacou que os veículos mais novos apresentam menos problemas e que hoje ele consegue fazer as viagens em menor tempo e economia de combustível.
Outro ponto destacado pelo autônomo é a acústica. Ele garante que antes os ruídos causavam um certo incômodo, mas hoje o silêncio dentro da cabine somado aos outros itens de conforto – como a direção hidráulica e ar condicionado – contribuem para uma condução mais tranquila.
Edmilson Souza, 44 anos de idade e 20 de profissão, de Hortolândia/SP, atua no transporte de fracionados entre São Paulo/SP e Belém/PA. Conta que começou na profissão dirigindo um Scania 113, ano 1994, um pesado moderno na época, mas nem de longe dá para comparar com os caminhões atuais.
Fonte: O Carreteiro