?A Petrobras avalia que os fatores que causaram o primeiro prejuízo da empresa em mais de 13 anos no segundo trimestre não devem se repetir na mesma intensidade nos próximos períodos, e a empresa crê numa reversão dos resultados negativos.
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou nesta segunda-feira ter "extrema confiança" de que a estatal alcançará resultados prósperos nos próximos trimestres.
"A conjunção de fatores (câmbio, poços secos, importação) não deve se repetir com a mesma magnitude nos próximos trimestres", disse a presidente da estatal a jornalistas nesta segunda-feira. Para o terceiro trimestre, os executivos da estatal disseram que esperam uma redução na necessidade da importação de combustíveis em razão ao aumento da produção local de diesel e gasolina --produtos importados, mais caros, foram citados como alguns dos fatores que afetaram os resultados da companhia. Graça Foster, como costuma ser chamada a presidente da Petrobras, também disse esperar que o câmbio não pressionará da mesma forma o resultado futuro da Petrobras e não haverá a mesma quantidade de poços secos --no balanço do segundo trimestre, a estatal contabilizou custos de mais de 2 bilhões de reais por gastos com poços secos perfurados principalmente de 2009 e 2012. A presidente da Petrobras afirmou que continua trabalhando junto ao governo para diminuir a distância entre os preços externos dos produtos e os praticados no país. "Conversamos sim sobre o reajustamento (no preço da gasolina) na busca pela convergência absoluta e 100 por cento de paridade. Tenho que acreditar que vai ter sempre (aumento para ter paridade)", disse ela. Graça Foster lembrou que os ganhos com os aumentos no preços da gasolina e do diesel, ocorridos nos meses de junho e julho, ainda não foram totalmente auferidos pela empresa e ajudarão nos próximos desempenhos da estatal. O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, disse que, com a economia em ritmo mais morno, é possível que a pressão por mais importação de combustíveis, um dos principais gargalos da Petrobras, arrefeça. "Estamos num esforço para reduzir importação. Trabalhamos para reduzir as compras com novas unidades de conversão e reforma. Esperamos menores números", declarou ele sem revelar a nova projeção. No primeiro semestre, a importação de diesel e gasolina somou 6 bilhões de dólares, sendo cerca de 3 bilhões em cada trimestre do ano. Na sexta-feira, a Petrobras divulgou um prejuízo líquido de 1,346 bilhão de reais no segundo trimestre, a primeira perda trimestral em mais de 13 anos, por conta da desvalorização do real e da defasagem de preços dos derivados no mercado interno. Uma queda na produção e maiores custos exploratórios também pesaram nos resultados. A Petrobras teve um grande número atípico de poços secos no segundo trimestre, o que também afetou os resultados. Essas ocorrências têm relação, entre outras coisas, com uma maior exploração em novas fronteiras, afirmou José Formigli, diretor de Exploração e Produção da companhia. Perto do fechamento do mercado, as ações preferenciais da empresa subiam 0,4 por cento, revertendo uma queda de 5,6 por cento logo após a abertura da sessão. DIVIDENDOS Já o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou durante a teleconferência que a empresa manterá sua política de dividendos para quem detém as ações preferenciais após o prejuízo no segundo trimestre, mas o pagamento a quem possui ações ordinárias poderá ser afetado e será discutido no Conselho de Administração da estatal. "Os dividendos, se olhados pelo mínimo de 25 por cento que a gente tem que distribuir, poderão ficar afetados pelo prejuízo (para quem detém ordinárias)", disse Barbassa a jornalistas. "Acontece que as PNs (preferenciais) têm um outro parâmetro que é 3 por cento do seu valor em patrimônio líquido", acrescentou. "Pelo menos para as PNs o resultado não vai afetar os dividendos." Segundo ele, com o primeiro prejuízo registrado em mais de 13 anos, a companhia levará ao conselho como ficará o pagamento a quem detém as ordinárias, que incluem como detentores o governo federal, que possui mais de 50 por cento da companhia. Não há uma data para o assunto entrar na pauta do conselho, segundo o diretor. O extensão do critério de remuneração das ações preferenciais para as ordinárias poderá ser analisado em reunião de conselho, de acordo com Barbassa. "A depender ou não do direcionamento a ser dado sobre essa política pelo Conselho de Administração, nós podemos não ter efeito para ninguém", disse o diretor. Extraído de: Olhar Direto