Jefferson Klein
A preocupação constante com a violência, furtos e roubos tem impulsionado as vendas dos sistemas de rastreamento de veículos no País. O gerente operacional da Volpato (empresa especializada nesta área), Cristiano Almeida, enfatiza que esse segmento, atualmente, está em franca expansão. “A insegurança da população está cada vez maior, basta ouvir os noticiários da televisão e rádios”, argumenta o dirigente.
Outro fator determinante na contratação do serviço de rastreamento, segundo Almeida, é o valor baixo que o torna atrativo ao consumidor. Ele explica que o custo para a compra do equipamento pode variar entre R$ 750,00 e R$ 1 mil, neste caso com mensalidades entre R$ 69,00 e R$ 99,00 para os planos básicos. Já para locação, os valores variam entre R$ 199,00 e R$ 299,00 para taxa de habilitação e R$ 79,00 a R$ 99,00 para os pacotes básicos.
O setor que mais utiliza esse tipo de produto é o de veículos de carga, pois, além de proteger o material transportado, o gestor da companhia consegue monitorar o caminhão. Logo após, vêm os carros de luxo, que buscam uma redução no valor do seguro, seguidos dos carros de passeio e populares.
Conforme o gerente da Volpato, os sistemas mais usados são os com acesso via web. Almeida afirma que a principal vantagem do serviço é permitir ao cliente o rastreamento de seu veículo em tempo real com atualizações de um a cinco minutos (dependendo da empresa prestadora), visualizar e imprimir relatórios com os deslocamentos e até verificar a situação do veículo, como se ele está com a ignição ligada ou desligada.
Almeida relata que após a solicitação de bloqueio, a central de monitoramento envia o comando para o módulo instalado no veículo e ele é paralisado em aproximadamente 30 segundos. Se o carro estiver em movimento, a ação será gradual, simulando uma falta de combustível. O dirigente sugere que o consumidor, no momento de adquirir um sistema de rastreamento, fique atento aos serviços oferecidos pela companhia que irá contratar.
Dentro do contexto de rastreamento veicular existem várias medidas que podem ser disponibilizadas, desde somente o rastreamento até a gestão total do veículo pelo cliente. A pesquisa deve incluir as companhias e os órgãos que certificam as prestadoras dessa área, sendo o mais importante nesse ramo, de acordo com Almeida, o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi). Esse órgão audita e homologa as organizações que possuem um padrão de qualidade nessa atividade.
Segundo Almeida, o índice de recuperação de veículos rastreados está atualmente de 94%. Ele indica como outro benefício os descontos concedidos pelas seguradoras aos veículos rastreados. Esses abatimentos podem chegar a até 25%, dependendo da companhia, e, na maioria das vezes, apenas são concedidos a clientes de empresas de rastreamento que possuem o selo do Cesvi.
Aumenta número de carros recuperados no Estado
Uma esperança para o proprietário que tem o seu veículo furtado ou roubado é a recuperação do seu bem. E os índices de sucesso dessas operações vêm aumentando no Rio Grande do Sul nos últimos anos. Em 2010, conforme os indicadores de eficiência da Polícia Civil gaúcha, foram 14.457 veículos recuperados, no ano passado 15.430 e nos primeiros três meses de 2012 foram 3.656. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, no Estado, em 2010, foram registrados 10.550 roubos de veículos e 14.952 furtos, em 2011 passou para 10.965 roubos e 14.622 furtos e, no primeiro trimestre deste ano, foram 3.497 furtos e 2.881 roubos.
Não há uma estatística sobre quantos desses veículos estavam equipados com um sistema de rastreamento, mas a delegada titular da Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Vivian do Nascimento, afirma que os mecanismos auxiliam a polícia. Uma testemunha dessa eficiência é o administrador de empresas Pedro Emílio que conseguiu recuperar por seis vezes o seu Golf roubado. Ele lembra que a primeira atitude foi avisar a polícia e a empresa de rastreamento e pouco tempo depois conseguia reaver o automóvel. Hoje, o administrador possui uma Zafira e mantém o rastreamento. “Depois que conheci a ferramenta, entrei no site e comecei a interagir usando o controle de velocidade e o monitoramento para saber por onde o carro circulou, eu gostei da solução”, diz.
Emílio acrescenta que prefere não identificar com o adesivo que seu automóvel é rastreado. Essa é uma recomendação dada também por Vivian. “O adesivo não impedirá a tentativa de assalto e deixará o assaltante ciente da proteção”, argumenta a delegada. Ela acrescenta que mesmo com o rastreamento, é fundamental realizar o seguro.
Vivian ressalta que, em caso de assalto, o motorista deve manter a calma e obedecer ao assaltante. Se o criminoso ordenar a saída do veículo, a pessoa, se estiver com o cinto de segurança, deve avisar calmamente que irá tirar o cinto e que sairá do automóvel. “Como se diz: vão-se os anéis, ficam os dedos”, afirma a delegada. Ela enfatiza que não se deve, de maneira alguma, reagir e, se o assaltante pedir que não olhe para o seu rosto, a ordem deve ser atendida.
A delegada alerta também que é importante tomar medidas de prevenção aos assaltos. Ela recomenda que a atenção ao entrar e sair dos veículos seja redobrada e que se observe se há pessoas próximas com atitudes suspeitas. Nesse caso, uma alternativa é evitar entrar no carro naquele momento. Assim como, não se deve parar o automóvel em lugares ermos e escuros.
O gerente operacional da Volpato, Cristiano Almeida, comenta que a decisão de identificar ou não se o veículo possui rastreamento, através de um adesivo, depende da necessidade do cliente. Ele explica que, se o consumidor adquirir o serviço para um veículo de uma empresa e pretende monitorar seus funcionários, sem que os mesmos desconfiem, não utilizará o adesivo. Há também os que têm interesse em vigiar os passos de filhos e cônjuges, algo que também precisa de discrição.
Os que contratam o serviço visando proteção do veículo, geralmente colocam o adesivo, principalmente, para inibir uma ação criminosa. “Se os ladrões tiverem interesse no carro, é muito provável que desistam, pois sabem que podem ser localizados e se o automóvel for bloqueado não poderão dar andamento ao delito”, afirma Almeida. No entanto, se o foco for o motorista, uma tentativa de sequestro, por exemplo, é possível que o motorista seja transferido para outro veículo.
Seguradoras cobram dos transportadores o equipamento
No setor de transporte de cargas, que sempre envolve grandes valores, se o veículo não contar com um sistema de rastreamento, o seguro não é feito ou é realizado só até um determinado limite financeiro, informa o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano. Ele conta que as seguradoras estão impondo cada vez mais restrições aos caminhões que não possuem acompanhamento por rádio frequência em suas rotas.
O dirigente acredita que os rastreadores aumentam a segurança dos caminhoneiros. “O motorista sente-se mais tranquilo quando sabe que alguém está vigiando suas viagens”, afirma. Além disso, Silvano ressalta que o sistema de rastreamento possibilita o apoio logístico através da comunicação a distância e da troca de mensagens.
No entanto, o presidente do Setcergs diz que a ferramenta, em algumas ocasiões, é utilizada como um meio de controle de tempo de direção do condutor. “Isso não é adequado, pois o rastreador está vinculado ao caminhão e não ao caminhoneiro e pode haver troca de profissionais em uma viagem”, afirma Silvano. Ele adverte que alguns tribunais entendem que o mecanismo é um meio de fiscalização de jornada de trabalho, assim como o tacógrafo.
Para Silvano, o rastreador é um inibidor de roubos. Ele acredita que o ladrão visa os veículos que não possuem a proteção. “Há um ditado antigo que diz que cachorro só entra na igreja porque a porta está aberta”, brinca.
Silvano, que também é presidente da empresa Roma Cargo Logística, lembra que, recentemente, a companhia teve um caminhão roubado, com sequestro do motorista, no estado de São Paulo. Apesar do susto, no final, os assaltantes foram capturados, o veículo recuperado e o profissional liberado graças à proteção do equipamento.
Ele detalha que os criminosos “cortaram” o rastreador e quando o sinal foi perdido e não foi possível entrar em contato com o motorista, percebeu-se que havia algo errado e a polícia foi acionada com rapidez. Os policiais conseguiram localizar o caminhão na Via Dutra. Silvano relata que os assaltantes fizeram o caminhoneiro parar informando, por duas vezes e em automóveis diferentes, que o caminhão estava arrastando correntes. Quando o profissional parou, um terceiro carro aproximou-se e seus ocupantes, armados, renderam o condutor. O caminhão era o objetivo do roubo, já que não estava carregado no momento do assalto. “O rastreador ajudou a resolver essa situação”, diz Silvano.
Empresas investem na tecnologia do dispositivo
Para não facilitar a vida dos criminosos, os dispositivos de rastreamento são cada vez mais aprimorados com o passar do tempo. Entre as novidades tecnológicas que ajudam no combate ao roubo de cargas, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento (Gristec), Cyro Buonavoglia, cita um tipo de rastreador colocado nos produtos transportados chamado de “isca de carga”. Esse aparelho fica disfarçado em meio ao meio material e funciona como se fosse um backup do rastreador do veículo.
Buonavoglia explica que os sistemas de rastreamento atuais têm três variáveis - um só se comunica por satélite, outro tem cobertura via celular (GPRS) e um terceiro é híbrido, pois utiliza essas duas tecnologias ao mesmo tempo. “O comprador deve observar o que pretende transportar, o destino da carga e ainda avaliar a sua necessidade de cobertura”, ensina. Buonavoglia argumenta que é preciso comparar as tecnologias que o sistema oferece para adequá-las às necessidades de casa caso.
Conforme o presidente da Gristec, o gerenciamento de riscos em transporte de cargas é um processo de gestão que abrange toda a cadeia de movimentação, transporte, distribuição e armazenamento. “Em resumo, é a aplicação de inteligência e tecnologia”, detalha Buonavoglia. Ele destaca que são várias as normas e os procedimentos a serem tomados para evitar o roubo de cargas, que abrangem desde os horários de viagem, distância, local de paradas para abastecimento, descanso, pernoite, até a tecnologia utilizada que deve se adequar às rotas e aos diversos tipos de carga, sendo que algumas mercadorias são mais visadas do que outras.
“É exatamente nessas questões que as gerenciadoras de risco possuem expertise para orientar as formas para que a viagem seja a mais segura possível”, garante o dirigente. O gerente operacional da Volpato, Cristiano Almeida, destaca como uma inovação nos sistemas de rastreamento o serviço de telemetria, que consiste no controle de ações do veículo como freadas e arrancadas bruscas, velocidade acima da permitida e freio acionado durante mais tempo que a média, entre outras informações. O gerente explica que essa tecnologia é muito usada por empresas de transporte, porque também auxilia na redução dos custos com a manutenção dos veículos.
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Sexta, 08 Junho 2012 11:07
Cresce no País mercado de rastreamento de veículos
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