Com as montadoras segurando o ritmo de produção, apesar da irregularidade no fornecimento de peças, o mercado automotivo iniciou este mês com o maior volume de veículos em estoque dos últimos dois anos.
Conforme os números divulgados nesta sexta-feira pela Anfavea, a entidade que representa o setor, junho terminou com 145,5 mil veículos nos pátios de fábricas e concessionárias, o que corresponde a um acréscimo de 21,6 mil unidades em relação a número apurado um mês antes. Desde junho de 2020, quando os estoques eram de 157,6 mil unidades, não se tinha tantos veículos novos à disposição do mercado.
Levando em conta o ritmo atual do mercado, de 8,5 mil veículos vendidos por dia, o total em estoque cobre hoje 24 dias de venda, acima dos 21 dias do início do mês passado.
Diante da acomodação das vendas em junho, após a reação mostrada nos dois meses anteriores, os estoques voltam assim ao volume de antes da crise do fornecimento de peças, sobretudo componentes eletrônicos, responsável por provocar há mais de um ano paralisações de montadoras.
Durante a apresentação dos resultados do setor no mês passado, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que o aumento do estoque é explicado pela finalização de carros que estavam à espera de peças. Com a chegada dos componentes, esses veículos foram entregues ao mercado. O executivo descartou que os veículos estejam encalhados por falta de consumidores.
“Essa questão não é um problema de venda no varejo”, assegurou Leite. “Em função da crise de abastecimento, é muito normal uma montadora ficar com veículo incompleto parado em sua linha de produção. No momento em que recebe os componentes, acabam desovando um número maior de veículos”, acrescentou o presidente da Anfavea.
Segundo ele, essa situação aconteceu, principalmente, em duas marcas, sem esclarecer quais. Leite observou que o giro dos estoques continuam, no entanto, bem abaixo do patamar de antes da pandemia: entre 38 e 43 dias.
Abaixo do esperado
A Anfavea revisou para baixo as previsões ao desempenho do setor no ano, após as vendas abaixo do esperado do primeiro trimestre e as persistentes dificuldades de abastecimento das linhas de montagem.
Na produção, a expectativa agora é de crescimento de 4,1%, com 2,34 milhões de veículos, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, a serem montados no resultado final do ano. No início de 2022, a expectativa da Anfavea era terminar 2022 com crescimento de 9,4% sobre o total produzido em 2021.
Já a expectativa de crescimento das vendas de veículos no Brasil, que era de 8,5%, foi reduzida a apenas 1%. Se confirmado o prognóstico, o ano terminará com 2,14 milhões de veículos comercializados.
Por outro lado, a associação está mais otimista em relação às exportações, que, conforme as novas projeções, devem subir 22,2%, chegando a 460 mil veículos. Antes, a previsão era de alta de 3,6% dos embarques a mercados internacionais.
Antes da Anfavea, a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias, já tinha apresentado previsões que apontam para estagnação (crescimento zero) das vendas de veículos em 2022, atualizando o prognóstico inicial que era de crescimento de 4,6%.
Segundo o presidente da entidade, a indústria automotiva deixou de produzir 170 mil veículos desde o início do ano por falta de peças, principalmente componentes eletrônicos.
Ao longo do primeiro semestre, 20 fábricas pararam por, na média de cada uma, 18 dias. Neste momento, segundo Márcio de Lima Leite, cinco fábricas estão paradas por falta de peças.
Com informações de Estadão Conteúdo
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Fonte: Mercado e Consumo