Documento sem título
Sexta, 09 Março 2012 15:21

Caminhoneiro tem que rodar mais 50 km com restrição na marginal

Com a restrição da marginal Tietê desde segunda-feira (5), os caminhoneiros têm duas opções em São Paulo: ou mudam o horário de entrega das mercadorias ou buscam alternativas em outras vias.   Alguns profissionais ouvidos pela Folha, que não participaram da paralisação dos últimos dias, disseram que terão dificuldade de fazer todos os descarregamentos e coletas e ainda sair antes das 17h, a tempo de não serem multados na marginal.   "Vamos ter que correr, arriscar a vida da gente e dos outros, para chegar a tempo", afirma o caminhoneiro autônomo Reginaldo Sabino. "Não dá para esperar das 17h até as 22h. Vou perder um carregamento e ter um grande prejuízo."   Mas também não há mais por onde fugir: as restrições já ultrapassam o centro expandido, atingem ruas de bairro e chegam até a estrada do Alvarenga, no extremo sul da capital.   Além disso, as obras do trecho norte do Rodoanel nem começaram. A única alternativa é o trecho sul --mas que torna a viagem mais longa e mais cara e só é útil para quem vem do Sul do país ou do litoral paulista.   Mesmo assim, ali passaram 12.045 caminhões a mais nos dois primeiros dias de restrição da marginal Tietê --19,3% mais que a média--, diz a concessionária SPMar.   É a opção do caminhoneiro autônomo Carlos Roberto Alves, 52, que traz mercadorias de Santos para São Paulo uma vez por semana.   Ele costumava seguir pela Anchieta, passar pela Anhaia Mello e Salim Farah Maluf e desembocar na marginal Tietê, em direção à Vila Maria.   Agora, com as três avenidas com restrições, ele desvia pelo Rodoanel, Jacu-Pêssego e por dentro do bairro: trajeto cerca de 50 km maior.   Na volta, para Goiânia, o desvio é 80 km maior, via Fernão Dias e Dom Pedro. Com isso, gasta R$ 100 e quatro horas a mais, diz ele.   Quem abastece o Mercadão e a Ceagesp diz que não há alternativas nem dentro dos bairros, já que estão perto da marginal e do centro.   Outro problema é a falta de segurança de chegar de madrugada para descarregar a carga --hora em que sofrem mais assaltos.   "Hoje abri às 3h para carregar os caminhões, mas não temos segurança", diz Ricardo Cianeflone, dono de armazém na região do Brás, que recebe batatas e cebolas de caminhões do Brasil inteiro.   "Se a entrega for muito urgente, pago os R$ 170 de multa e quem vai pagar o pato é o consumidor final, porque vou repassar o prejuízo", completa.   O sindicato das empresas transportadoras estima um aumento de 20% no frete -- a ser repassado para os consumidores finais -- por causa de adicional noturno, aumento da quilometragem, pedágios etc.
TOPO