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Segunda, 13 Fevereiro 2012 09:54

Mão de obra qualificada virá da nova classe média brasileira

A chamada nova classe média, com renda familiar entre R$ 1,2 mil e R$ 5,3 mil, fornecerá força de trabalho mais qualificada para o desenvolvimento industrial nos próximos anos. A expectativa é alimentada por uma análise sobre a demanda por educação profissional divulgada em Brasília nesta quarta-feira, 8, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).   De acordo com a avaliação, baseada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - pesquisas mensais de emprego (PME), de 2002 a 2010, e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2007) -, são os jovens da classe média que alimentam a expansão de quase 77% no número de pessoas que declararam “frequentar” ou “ter frequentado” entre 2004 e 2010 cursos de educação profissional. Isso implica qualificação de 200 até 400 horas, ensino médio técnico ou curso superior de tecnólogo.   Em seis anos, o porcentual de quem declarou formação em educação profissional passou de 14,03% para 24,81%, segundo a análise. O maior contingente é de jovens, especialmente os adolescentes de 15 anos, que representam 10% do total de pessoas que frequentam ou frequentaram educação profissional. Entre as pessoas de 15 a 29 anos que declararam frequentar a educação profissional, o maior porcentual é na classe C (8%), que também aponta a maior demanda por cursos profissionalizantes na área industrial.   Para o economista do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri, a procura dos jovens da classe C pela educação profissional indica que a ascensão do estrato na última década terá sustentabilidade. “Não é sonho de uma noite verão”, afirma. Para ele, não é possível dizer que a mobilidade ocorre meramente por aumento do acesso ao crédito e maior consumo desse segmento da população. “Há claro paralelo entre a ascensão da nova classe média (ou classe C) e a profusão de carteiras de trabalho e cursos profissionalizantes”, defende.   Na opinião de Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia do Senai, o ingresso desses jovens deverá dar “lastro” ao crescimento do setor industrial nos próximos anos. A expectativa do executivo é que os 11 principais setores industriais brasileiros totalizem US$ 648 bilhões de investimento entre 2011 e 2015. O Senai promete até 2014 ampliar sua rede de escolas técnicas e cursos profissionalizantes de 2,4 milhões de matrículas para 4 milhões. Para isso, contará com empréstimo de R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).   Apesar da boa perspectiva, a análise dos dados aponta que mais de três quartos da população nunca frequentaram educação profissionalizante, na maior parte das vezes por falta de interesse. Além disso, a pesquisa verifica que 8% dos que iniciaram algum curso profissionalizante não concluíram. A maioria porque deixou de ter interesse pelo curso no qual estava inscrita. Entre os que concluem, mais de 37% não conseguem trabalhar na área. Os cursos profissionalizantes no Brasil são oferecidos pela rede pública, pela rede privada, pelo Senai e por organizações não governamentais.   Na avaliação de Marcelo Neri, a baixa procura por cursos profissionalizantes tem a ver com a falta de informação e a má qualidade das escolas brasileiras. “A baixa qualidade da educação básica no Brasil influencia a demanda pela educação profissional”, diz o economista. Rafael Lucchesi lembra que cerca de 9 milhões de alunos estão matriculados no ensino médio no Brasil, mas apenas 1 milhão faz o ensino médico técnico (complementar) e apenas 6 milhões ingressam no nível superior. “Poucos países têm uma distribuição tão ruim para a matriz do trabalho”, ressalta.       Extraída do portal ANFIR     
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