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Sexta, 09 Fevereiro 2018 09:36

Gasolina sobe 10 vezes mais do que a inflação

 

Nos últimos seis meses, o preço médio do litro da gasolina subiu 17,62% nos postos de combustíveis do Rio Grande do Sul e encostou nos R$ 4,35 em janeiro. O reajuste é 10 vezes maior do que o da inflação do período, que ficou em 1,74%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em algumas cidades, não deve demorar para ser rompida a barreira dos R$ 5. O litro mais caro identificado até janeiro pela pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no Estado foi registrado em Bagé, na Campanha, onde chegou a ser encontrado por R$ 4,89. O preço mais barato foi verificado em Esteio, na Região Metropolitana: R$ 3,87.

Mas é quase certo que esses valores já tenham mudado. Isso porque a pesquisa de preços da ANP estampa a política de preços adotada pela Petrobras para o combustível desde julho do ano passado: variações que podem até ser diárias no custo da gasolina tipo A vendida às distribuidoras.

A justificativa é acompanhar as variações do dólar e do preço internacional do barril de petróleo. Conforme cálculo do educador financeiro Adriano Severo, de posse de todos os reajustes da Petrobras desde julho, o aumento acumulado imposto pela estatal às distribuidoras foi de 30% até agora. A conta bate com o acompanhamento do Sindicato do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes do RS (Sulpetro).

- A Petrobras adotou essa modulação a partir de 4 de julho. Vinculou o aumento da gasolina ao dólar e ao preço internacional do barril do petróleo. Isso é diário. A verdade é que trouxe transtorno grande para todos. O consumidor não sabe mais quando sobe. Não tem dia marcado. Pode ser qualquer um - diz o presidente do Sulpetro, Adão Oliveira.

REDUÇÕES DE PREÇO NÃO CHEGAM AO CONSUMIDOR

O reajuste acumulado nas distribuidoras, que negociam os combustíveis com os postos, chegou a 24,2%.

De acordo com Oliveira, reuniões já ocorreram com a ANP para se buscar uma alternativa ao modelo atual. Por enquanto, nenhuma promessa de mudança está no horizonte em curto prazo. Questionado sobre reduções de preço que não seriam repassadas no mesmo ritmo aos consumidores, o presidente do Sulpetro argumenta que há postos trabalhando com prejuízo.

- Temos uma defasagem de R$ 0,28 no preço do litro que não se consegue repassar ao consumidor por causa da crise. Com o preço em que já está, não dá. Muitos postos estão trabalhando no vermelho por causa disso - justifica.

O Procon de Porto Alegre questiona a argumentação, uma vez que, além de aumentos, o preço da gasolina vendida pela Petrobras também sofre eventuais quedas. Em novembro, o órgão encaminhou "Processo Administrativo de Investigação Preliminar" às cinco distribuidoras de combustíveis autorizadas pela ANP para atuar no Rio Grande do Sul. O objetivo é identificar por que as reduções não chegam aos consumidores no mesmo ritmo.

- Os postos argumentam que as distribuidoras não repassam as eventuais reduções. Notificamos vários postos para apresentarem suas notas fiscais. Notificamos também as distribuidoras e a própria Petrobras. Ainda estamos aguardando essas respostas. O processo administrativo é mais longo. Mas, ainda no primeiro semestre, queremos divulgar a margem de lucro dos postos de combustíveis - projeta a diretora-executiva do Procon Porto Alegre, Sophia Vial.

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