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Sexta, 23 Setembro 2011 11:02

Pernambuco terá mais quatro térmicas a óleo

Mais térmicas a óleo combustível serão construídas em Pernambuco. Além do projeto da “maior termelétrica do mundo”, anunciado na semana passada pelo Grupo Bertin, outras quatro usinas movidas ao derivado de petróleo estão previstas para o estado até 2013. Juntas elas somam uma potência de 988,36 MW (megawatts), mais da metade da capacidade da gigantesca usina que será construída em Suape, que é de 1.452 MW. Três delas já estão em construção. Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e Igarassu são os municípios que receberão as térmicas. Será um problema de alcance regional, pois uma enxurrada de térmicas a óleo atingirá o Nordeste: das 32 usinas previstas até 2013, 28 serão instaladas na região.   O número de usinas em Pernambuco seria ainda maior, porque havia mais duas usinas previstas para o estado, a Termopower 5 e a Termopower 6, com 200,79 MW cada uma. Os dois projetos foram deslocados para a Paraíba, que ofereceu incentivos para a instalação das térmicas, na semana passada. As usinas que já estão em construção (veja quadro) devem entrar em operação no próximo ano. Uma delas, a Pernambuco 4, já deveria ter sido concluída em janeiro deste ano. Já o cronograma das demais é para 2013.   Com exceção da usina U-50, que pertence à Refinaria Abreu e Lima e tem o objetivo de autoconsumo, todas as outras térmicas previstas para o estado foram contratadas pelo governo federal, em leilões realizados entre 2007 e 2008, para atender ao aumento da demanda de energia.   “Nesses anos, não havia licença para construir hidrelétricas e as fontes alternativas ainda eram pouco desenvolvidas. Já as termelétricas, apesar de serem as mais poluentes, são as que mais facilmente conseguem licenças, porque elas são concedidas pelos órgãos estaduais. É um contrassenso. E como não havia disponibilidade de gás, a maior parte das usinas foi a óleo combustível ou a diesel”, explica o diretor regional do Instituto Ilumina, José Antônio Feijó.   Depois de 2008, o governo federal decidiu não mais aprovar usinas térmicas a óleo. No entanto, mais de 9 mil MW já haviam sido contratados nos anos anteriores. As consequências desse erro começarão a ser percebidas a partir de agora, especialmente no Nordeste, destino de 28 das 32 novas térmicas que entrarão em operação até 2013. “Isso porque, interessados nos impostos e nos empregos que essas usinas iriam gerar, os estados nordestinos facilitaram as licenças prévias”, relata Feijó. A “maior térmica do mundo”, por exemplo, promete gerar 6,5 mil empregos, sendo 500 diretos.   Emissão de CO2 preocupa O anúncio da grande termelétrica já preocupava o professor de engenharia elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Heitor Scalambrini, devido às emissões de CO2, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. “Essa que vai ser a maior usina suja do mundo, em apenas um dia de funcionamento, vai emitir 24 mil toneladas de CO2”, prevê o professor. O cálculo considera o consumo diário de 8 mil toneladas de óleo, previsto para a megausina, e a projeção da Agência Internacional de Energia, de 3,34 toneladas de CO2 para cada 0,96 m3 de óleo queimado. “Se houver mais térmicas, o nosso estado vai virar uma chaminé”, diz.   As termelétricas não são contratadas para funcionar 24 horas. Elas são despachadas emergencialmente, quando os níveis dos reservatórios das hidrelétricas estão baixos. “Mas como a demanda por energia cresce e a capacidade dos reservatórios é a mesma, essas usinas devem ser mais acionadas no futuro”, comenta Feijó. E quando entrarem em operação, além do impacto ambiental, haverá o custo financeiro. “Além do custo da energia, em torno de R$ 140 por MW, que a usina recebe mesmo sem funcionar, é preciso pagar algo entre R$ 300 e R$ 600 pelo uso do combustível”, comenta Feijó. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que a energia elétrica ficará 34,5% mais cara por conta de todas essas térmicas que serão construídas até 2013.   “Privatizou-se as empresas com a promessa de que a iniciativa privada investiria no setor. Isso não aconteceu. Os bancos estatais que bancaram as privatizações e que agora estão financiando essas termelétricas”, diz Feijó. Para Scalambrini, a enxurrada de térmicas não é um caminho sem volta: “A própria demanda de energia deve ser revisada por conta da crise internacional. E se o governo assinou contratos com essas usinas,  lembro que o país também assinou tratados de redução das emissões de carbono”.     Extraída do Portal Fetracan  
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