Nas bombas, pouca coisa mudou. E, como se não bastasse, em pelo menos um terço das capitais brasileiras, em vez de cair ou ficar estável, o preço da gasolina acabou subindo. Dados da Agência Nacional do Petróleo mostram que em nove das 27 capitais o combustível ficou mais caro. Os dados levam em consideração a média de preços das quatro últimas semanas.
É verdade que a média nacional caiu dois centavos, indo de R$ 3,68 para R$ 3,66, mas alguns brasileiros não sentiram no bolso. É o caso do Tiago Souza, de Florianópolis.
'Não aconteceu mesmo. Por isso que está todo mundo reclamando', afirma.
E do Isac Silva, do Rio de Janeiro.
'Por enquanto não. Tá a mesma coisa ainda. Não senti muita diferença não. Tá o mesmo valor', relata.
A capital de Santa Catarina é a que registrou a maior alta no preço da gasolina: R$0,07 a mais na comparação com o início do mês passado. Já a capital fluminense só perde para Rio Branco no ranking de preços da última semana. Cada litro está saindo, em média, a R$ 3,89 no Rio de Janeiro. Tiago e Isac compartilham a frustração.
Desde que a Petrobras anunciou, nos dias 14 de outubro e 8 de novembro, as reduções no preço da gasolina e do diesel nas refinarias, os dois se encheram de expectativa. A petroleira chegou a estimar uma queda de R$ 0,10 por litro de combustível para o consumidor final, o que não se concretizou.
É um jogo de empurra. Na ponta da linha estão os revendedores, que argumentam que as distribuidoras não repassaram qualquer redução. A presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Rio, Maria Aparecida Siuffo, diz que a Petrobras deveria se abster de fazer projeções, justamente para não causar falsas expectativas.
'Nós gostaríamos imensamente que o preço caísse. Por quê? Nós estamos com queda de venda na faixa de 20%, 25%. Se nós tivéssemos uma queda vinda das distribuidoras, nós poderíamos a possibilidade de ter de novo nosso consumidor e reduzir essa perda de venda', relata.
Já as grandes distribuidoras alegam que elementos como impostos, logística e a alta do etanol entram na conta - a gasolina vendida nos postos leva 27% do biocombustível na mistura. Essa seria a razão, segundo as empresas, de o consumidor não estar sentindo a diferença nos preços.
A Petrobras diz que só tem domínio no preço de refinaria e que as distribuidoras são livres para estabelecer preços. O ex-diretor da ANP David Zylbersztajn explica que a lei de mercado é soberana. Com a demanda sendo a mesma, nenhum vendedor se arrisca a reduzir preços.
'Se a demanda não diminui, você mantendo o preço como estava antes, obviamente o distribuidor e o dono do posto de gasolina vai mexer no preço. Ou seja, o mercado é que vai acabar regulando', diz.
O professor e integrante do grupo de Energia do Instituto de Economia da UFRJ, Edmar Luiz Fagundes de Almeida, concorda com a premissa e explica outro aspecto. Quando o revendedor tem um estoque muito grande, ele resiste a repassar de imediato a redução no preço. A ideia é não ficar no prejuízo por causa do combustível que foi comprado anteriormente, a preços mais altos.
'A razão está nos estoque. Quando alguém compra a gasolina mais cara, tem resistência a vender mais barata do que pagou', pondera.
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes disse que não se pronuncia sobre preços e afirmou que 'o mercado é livre'. O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes também não quis se manifestar. Só disse que não participa da definição e não tem conhecimento da política de preços adotada por suas associadas. Por fim, a Petrobras ressaltou que a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados.
Extraído de: CBN
Sexta, 02 Dezembro 2016 12:04
Preço do litro da gasolina sobe em um terço das capitais nas últimas quatro semanas
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