Responsáveis pela circulação de 60% das cargas movimentadas no país, as rodovias deverão receber R$50,6 bilhões entre 2011 e 2014 em investimentos, 71% acima do apurado entre 200G e 2009, segundo recente estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) elaborado pelos economistas Fernando Pimentel Puga e Gilberto Borça Jr.
Os recursos previstos estão divididos em três segmentos: R$ 33 bilhões de investimento público, principalmente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em conservação e manutenção de trechos existentes e elaboração de projetos; R$13,6bilhões em concessões rodoviárias em fase de investimento ou que ainda serão licitadas, com destaque para os programas dos governos federal e paulista e a construção dos trechos leste e sul do Rodoanel; R$ 4 bilhões das concessionárias atuais para melhoria dos seus trechos.
A Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 abrem oportunidades para maiores investimentos, um cenário positivo para os fornecedores. "Estamos bastante otimistas com o ciclo que se abre, com os eventos esportivos e o PAC ampliando os investimentos na área rodoviária. E ainda há o pré-sal, que elevará a aplicação de recursos em logística rodoviária", diz Antonio Carlos Bonassi, presidente da câmara setorial de máquinas rodoviárias da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). "Nunca se vendeu tanta máquina para o setor como agora", diz. De olho na demanda em alta, o otimismo está fazendo com que empresas possam investir mais de R$ 500 milhões no segmento, o que poderá fazer o consumo de máquinas e equipamentos rodoviários aumentar ainda mais no país.
Outro segmento aquecido é o de fabricação de implementos rodoviários. Entre janeiro e maio, a área teve alta de 21% em comparação a igual período do ano passado. O volume de reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassi licenciados ao mercado interno alcançou 74.572 unidades em relação aos 61.804 dos mesmos meses de 2010. O ritmo acelerado de obras civis, ditado tanto pelos investimentos públicos como pelos negócios privados, sustentou o crescimento. "A construção civil representa hoje a grande mola propulsora de negócios de implementos rodoviários e isso exige do setor agilidade no atendimento", afirma Mario Rinaldi, diretor-executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir).
Um dos segmentos com mais investimentos é o das concessionárias privadas de rodovias. Um exemplo é a OHL Brasil, que prevê a aplicação de R$ 1 bilhão de recursos neste ano. Uma das principais obras de melhoria está na Rodovia Régis Bittencourt, que interliga São Paulo a Curitiba. As obras da duplicação da estrada na Serra do Cafezal começaram em junho de 2010, pelo distrito de Barnabés, em São Paulo, com a duplicação do trecho entre os quilômetros 336 e 337, além da construção de um dispositivo com passagem inferior e alças de acesso para os dois lados do bairro. "A partir desse primeiro quilômetro, a concessionária dará prosseguimento à duplicação do traçado até o quilômetro 344, no município de Miracatu. Na outra extremidade, estão em andamento os serviços de terraplenagem entre o quilômetro 363 e o 367, e foi concluída a construção da ponte sobre o Rio São Lourencinho, localizada no quilômetro 366,5, na região de Miracatu", informa a assessoria de imprensa.
A concessionária também solicitou a licença de instalação para o trecho de 4 quilômetros, entre o quilômetro 344 e o 348, que está em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "O projeto para o trecho central da Serra do Cafezal, que vai do quilômetro 348 ao 363, está em andamento. De acordo com a agência reguladora, as obras no trecho central deverão ser iniciadas em março de 2012, após a liberação da licença de instalação pelo Ibama", segundo a OHL Brasil.
Além de investimentos nas rodovias, que exigem obras civis, máquinas de terraplenagem e pavimentação e até geradores de energia, a tecnologia ganha espaço nas estradas brasileiras. Os centros de controle operacional das concessionárias monitoram o tráfego 24 horas por câmeras, enquanto já há estudos entre empresas do ramo de implementar cabos de fibra óptica ao longo das estradas, de forma a interligar todos os setores de uma rodovia.
As demandas do setor são elevadas: a última edição da pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgada em 2010, aponta que, dos cerca de 90 mil quilômetros vistoriados pela equipe da entidade, 14,7% das rodovias avaliadas são classificadas como ótimas; 26,5% como boas; 33,4% regulares, 17,4% estão ruins e 8%, péssimas. O resultado é bem melhor que o verificado há 12 anos: em 1997, mais de 80% da extensão analisada pela entidade estava em condições regular, ruim ou péssima para rodagem; em2010, esse número caiu para 59%.
Se houve avanços, as rodovias brasileiras ainda têm muito espaço para melhorar. Hoje, o país possui 1,7 milhão de quilômetros de estradas, mas apenas 12% delas são pavimentadas. O custo do transporte de carga por rodovias, no Brasil, é, em média, 28% mais caro do que seria caso as estradas apresentassem condições ideais de pavimentação. As condições inadequadas de boa parte dos trechos rodoviários são um dos elementos que contribuem para a alta taxa de acidentes: entre 2004 e 2009, o número de acidentes em rodovias federais apresentou elevação de 41,7%."Há muita demanda represada no setor", afirma Bonassi, da Abimaq.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, o setor demandaria R$ 183 bilhões em investimentos para corrigir as deficiências atuais, sendo que R$144 bilhões deveriam ser aplicados em recuperação, adequação e duplicação de trechos; R$ 38,5 bilhões em construção e pavimentação e outros R$830 milhões em obras especiais.
Sexta, 12 Agosto 2011 12:38
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