Mais cara, a gasolina premium permanecerá, por ora, com 25% de etanol, enquanto a comum e a aditivada passarão a ter 27% no próximo dia 16. O combustível mais caro foi "blindado" porque a associação das montadoras, a Anfavea, pediu ao governo que deixasse pelo menos uma alternativa de abastecimento com a mistura antiga para carros com motor a gasolina, enquanto testes de durabilidade de motor e peças não são concluídos.
Segundo o presidente da associação, Luiz Moan, não foi uma escolha da Anfavea que essa alternativa fosse a gasolina premium. A decisão foi tomada em conjunto com o governo e demais entidades do setor.
"Pelo volume, evidentemente, nós acabamos concordando que o caminho melhor seria a gasolina premium", diz o executivo. "O combustível premium equivale a cerca de 10% do abastecimento do total de gasolina, o que, junto com o governo, avaliamos que seria suficiente para suprir e gerar essa alternativa ao consumidor."
Diferença entre as gasolinas
A gasolina premium, que, conforme a bandeira do posto, tem um nome, difere das demais pela maior octanagem, que é a medida de resistência à pressão dentro da câmara de combustão do motor.
É a capacidade que resistir, em mistura com o ar, ao aumento de pressão e de temperatura sem detonar, ou seja, sem que a faísca de vela tenha sido disparada pelo sistema de ignição.
Quanto maior essa capacidade, maior a resistência do combustível à detonação, permitindo que motores operem com maiores taxas de compressão. Por isso, a gasolina premium só ajudará a melhorar o desempenho de carros com motores de alta compressão. "A gasolina premium é de maior octanagem. Para que ela tenha efeito benéfico, tem que ser em motores de maior potência, que tenham a necessidade de gasolina mais forte", diz Moan.
Nos demais veículos, a premium não traz vantagem em relação à aditivada. A diferença entre elas e a gasolina comum é a presença desses aditivos, que ajudam na limpeza do motor, o que pode resultar em consumo mais eficiente.
Teste de 100.000 km rodados
O aumento da proporção de etanol na gasolina comum e na aditivada não faz diferença para carros com motores flex, cujo sistema está adaptado para rodar mesmo que só com álcool. Mas, para carros que usam motor apenas a gasolina, as montadoras dizem que ainda não há conclusão sobre impacto da nova mistura na durabilidade de peças. Esses testes devem terminar no fim do mês.
"O etanol é mais corrosivo que a gasolina pura. Os carros nossos, não só os fabricados (no Brasil), mas também os importados, são desenvolvidos para um teor máximo de 22% de etanol na gasolina", diz o presidente Anfavea, completando que existia uma elasticidade nesse limite, tanto que o percentual foi elevado para 25% em 2011.
"De 25% para 27%, precisamos fazer um teste que é o seguinte: qual é a resistência dos vários componentes do veículo que entram em contato com esse combustível por pelo menos 100.000 km", explica. Os 27% são o maior percentual já usado até hoje na mistura gasolina-etanol, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). A mistura começou com 4,5% de álcool, em 1977.
Especialistas ouvidos pelo G1 dizem que o impacto do aumento do etanol deverá ser mínimo, porque a mudança de 2 pontos percentuais é pequena. Mas que, conforme o nível aumenta, podem aparecer problemas de corrosão, falha na bomba de combustível e aumento do consumo, especialmente em modelos mais antigos, sem injeção eletrônica.
Extraído de: Auto Esporte?
Segunda, 09 Março 2015 09:36
Gasolina premium é 'blindada' do aumento de etanol por vender menos
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