Sexta, 28 Março 2014 11:04
Nível dos rios ameaça escoamento da safra de grãos no Sudeste
A chuva dos últimos dias não foi suficiente para normalizar a navegação na hidrovia Tietê-Paraná, que corta o interior de São Paulo. E isso pode comprometer o escoamento da safra de soja.
A seca é como um sinal vermelho para as barcaças. Em pontos críticos, como em Buritama, no interior paulista, a profundidade do rio Tietê é de apenas 2,6 metros, a metade do normal para esta época do ano. Técnicos estão monitorando o trecho 24 horas por dia.
"São vários riscos: Tem locais que estão com pedras, pode vir a furar a ‘chata’, e outros locais que são de areia, pode vir a encalhar a barcaça, e pode até ocasionar perda do produto", afirma Luciano Alves Priori, comandante de barcaça.
Para dar uma ideia de como a seca afetou a navegação na hidrovia Tietê-Paraná, o Jornal Nacional subiu em um comboio carregado com 4.600 toneladas de soja. Os grãos chegam de Goiás e seguem para a exportação. Se não fosse a estiagem, as quatro barcaças poderiam estar transportando seis mil toneladas.
Para não encalhar, a quantidade transportada teve que ser reduzida em até 30%. E se não dá de barco, o jeito é seguir de caminhão. São cem deles a mais por dia nas estradas.
“Nós estamos com mais de 55% da safra colhida, uma safra que já é 10% maior, e nós podemos perder esta carga, porque só com caminhão esta carga não consegue ser escoada", declara Casemiro Tércio Carvalho, diretor do departamento hidroviário de SP.
O problema é agravado pelas 12 hidrelétricas instaladas ao longo da hidrovia. Quanto mais energia é gerada, mais os reservatórios baixam, o que dificulta a navegação. E a situação pode ficar ainda mais complicada nos próximos meses.
Casemiro Tércio: No segundo semestre nós temos a safra de milho, então o milho pode ser comprometido, o escoamento da produção de milho pela diminuição do nível nos reservatórios.
Jornal Nacional: E se não chover?
Casemiro Tércio: Se não chover é preocupante.
Jornal Nacional: A hidrovia pode parar?
Casemiro Tércio: Não é o que a gente quer, mas a gente não pode ficar dependendo de São Pedro. Planejamento tanto no setor energético quanto no setor de transportes é importante.
Extraído de: G1