É possível observar que quando o país cresce 5%, por exemplo, a demanda por serviços de logística aumenta em 15%. Ou seja, as companhias especializadas se expandem três vezes mais rápido do que a economia em geral. Algumas dobraram de tamanho, seguidamente, nos últimos três anos. Essas empresas, mantidas as atuais condições econômicas, continuarão a ser fonte interessante de retorno.
Uma projeção que já começou a atrair fundos de investimento internacionais. Segundo um levantamento da AWRO Logística e Participações a disposição desses grupos é colocar cerca de R$ 10 bi no setor de logística brasileiro. E a porta de entrada natural para esse capital é a aquisição de participação em empresas já atuantes. Estima-se que esse tipo de transação, apenas no primeiro semestre de 2010, movimentou, no total, cerca de US$ 600 milhões.
“É um bom negócio tanto para as empresas do setor como para os investidores. A companhia adquire capital para expandir sua capacidade de operação e atender a demanda, cada vez mais especializada, do setor. Em contrapartida, o retorno do investimento é garantido e muito atrativo”, afirma Antonio Wrobleski, sócio da AWRO Logística e Participações.
Este processo, no entanto, está esbarrando em uma de falta de eficiência das companhias especializadas. “Em muitos casos, o faturamento é alto, mas o lucro é baixo. O próprio crescimento do setor, muitas vezes, esconde esse problema de gestão. Algumas empresas dobraram, mas não souberam administrar bem essa expansão. Isso não quer dizer que não seja lucrativa, pelo contrário. Mas uma análise mais minuciosa, presente neste tipo de negociação, percebe que falta ainda um planejamento mais apurado para o setor”, explica o especialista, diretamente envolvido na realização de alguns desses negócios.
De acordo com o executivo, é comum que essa constatação diminua a oferta de compra inicial em até 50% e, não raro, resulta na desistência do negócio. “A atividade logística evoluiu significativamente no Brasil nos últimos 15 anos, mas ainda é necessário um salto de qualidade para que a maioria das companhias aproveite de maneira adequada as oportunidades colocadas pelo mercado, principalmente as futuras”, afirma, referindo-se à demanda gerada pelos próximos eventos esportivos e principalmente pela efetiva exploração do pré-sal.
O efeito imediato dessa situação é uma demora inesperada na conclusão dos negócios e na efetivação de injeção de capital. “Cria-se um impasse em que a solução é a depreciação da companhia, o que reduz o investimento, ou uma reformulação da operação para se adequar às exigências atuais”, explica Wrobleski.
Para ele, a segunda opção é mais vantajosa tanto para quem vende como para quem compra. “Geralmente a modernização da gestão sai mais barato do que o desconto exigido pelo comprador”, afirma o especialista. E, por outro lado, complementa, compensa aos investidores pagarem mais pela certeza de adquirir uma empresa pronta para os desafios do mercado.
Um período de co-gestão, onde o empresário divide a administração com consultores e especialistas que apontem – e implementem – soluções para as dificuldades da operação, é o caminho mais indicado para manter o preço da empresa, argumenta o especialista.
“É importante colocar em prática novas idéias e competências que permitam a revisão das práticas. Normalmente, os problemas foram gerados, e se perpetuam, por deficiências de formação da mão-de-obra e defasagem tecnológica. Uma reciclagem no escalão superior, responsável pelas decisões, é fundamental e torna a empresa um ativo interessante no mercado”, resume Antonio Wrobleski.
Antonio Wrobleski Filho é sócio da Awro Associados Logística e Participações. É engenheiro com pós-graduação em Finanças, MBA pela N.Y.U. e foi presidente da Ryder Logística.
awro@transportabrasil.com.br
Quinta, 14 Julho 2011 11:12
Falta de eficiência compromete aquisições no mercado logístico brasileiro
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