Quarta, 08 Mai 2013 10:01
Porto do Rio Grande avalia uso dos serviços 24 horas
O Porto do Rio Grande começou, nesta semana, a adotar o programa Porto 24h, desenvolvido pela Secretaria de Portos (SEP). Com a medida, os órgãos anuentes, como Receita e Polícia Federal, Ibama e Anvisa, estão atuando em tempo integral com o objetivo de agilizar a liberação de cargas. De acordo com o chefe da divisão administrativa do gabinete da Superintendência do Porto do Rio Grande (Suprg), Leonardo Maurano, em cerca de 20 dias será concluído levantamento para estimar o que foi movimentado e a agilidade agregada ao processo. Posteriormente, será feita uma pesquisa, que deve durar em torno de três meses, para avaliar a redução de custos decorrente da ação.
Nessa análise, constarão dados como natureza das cargas, volumes e embarcações envolvidas. Na noite de segunda-feira, primeiro dia da realização do programa em Rio Grande, já ocorreram procedimentos dentro do programa Porto 24h, no entanto, nada muito expressivo. O inspetor-chefe da Alfândega da Receita Federal do Brasil no Porto do Rio Grande, Marco Antônio Medeiros, relata que foram feitos acompanhamentos quanto ao embarque e desembarque de tripulantes e também de equipamentos. Contudo, não houve a necessidade de verificação física de cargas ou desembaraços. O inspetor pondera que, por ser uma prática recente, os serviços 24 horas ainda precisarão ser assimilados. Medeiros revela que atuaram no período noturno um auditor fiscal e um analista tributário. Conforme o dirigente da alfândega, neste primeiro momento, para cumprir as metas do programa, será deslocado pessoal de outras unidades da Receita Federal. Futuramente, a perspectiva é de que seja realizado um concurso público para contratar mais funcionários.
O foco do programa Porto 24h, segundo a SEP, é melhorar o desempenho das operações de movimentação de carga, tanto nas importações quanto nas exportações, e das operações nos locais de estocagem na retroárea dos portos, com a redução do tempo e consequente redução dos custos dos serviços. Maurano frisa que a operação no porto gaúcho já ocorria em período integral pelo menos desde a década de 1950. Os órgãos anuentes é que começaram, somente nesta semana, a assumir a mesma postura. Anteriormente, a praxe era a adoção do horário comercial.
O diretor da Navegação Aliança Ático Scherer afirma que a mudança também será muito positiva para a navegação interior no Rio Grande do Sul. Scherer recorda que, se um navio com trigo importado chegasse a Rio Grande, por exemplo, em uma tarde de sexta-feira, a carga só seria liberada na segunda-feira para ser transbordada para outra embarcação e seguir pela Lagoa dos Patos até o centro do Estado. A mercadoria ficaria esperando a autorização de diversos órgãos, como Receita Federal e Ministério da Agricultura.
A analista de transportes do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs) Tamara Cardoso argumenta que o programa vai agilizar também a operação dos caminhões que movimentam cargas portuárias. A expectativa é de que as filas de veículos que eventualmente são verificadas em torno do complexo diminuam. No entanto, a analista salienta que também será necessário aprimorar a eficiência burocrática para que a circulação de mercadorias seja mais rápida. “É o início de um processo que tem como foco melhorar a distribuição de cargas”, aponta Tamara.
Aproximação de modais é debatida por empresários
Empreendedores envolvidos com o transporte de cargas e passageiros pelo modal rodoviário estiveram ontem em Porto Alegre conhecendo a sede e uma das embarcações da Navegação Aliança. A analista de transportes do Setcergs Tamara Cardoso informa que o encontro foi promovido pelo comitê setorial de transportes multimodais do Setcergs, que é ligado ao Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). Tamara detalha que a intenção é que os empresários do segmento rodoviário apreendam mais sobre o transporte hidroviário e a intermodalidade.
A analista diz que a visão de que os transportes rodoviário e hidroviário são apenas concorrentes é algo que está ficando no passado. “Os modais precisam ser complementares para otimizar o processo de transporte”, defende.
O diretor da Navegação Aliança Ático Scherer também crê que é possível criar a mentalidade para aproximar os modais hidroviário e rodoviário. Porém, ele enfatiza que é preciso ter boas condições operacionais.
Extraído de: Jornal do Comércio/RS