Quinta, 04 Abril 2013 09:43
Transporte marítimo é mais caro e demorado, diz Conab
As 49,1 mil toneladas de milho prometidas pela presidente Dilma Rousseff na última terça-feira deve demorar a chegar no Ceará. Isso porque o transporte de grãos pelo meio anunciado, o marítimo, além de ser mais caro, pode levar de 40 a 60 dias para ser entregue. A conclusão é de estudo realizado, em março, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O estudo avaliou os custos e os prazos de entrega do milho para o Nordeste utilizando exclusivamente o modal rodoviário em comparação com o transporte multimodal, envolvendo o transporte por meio de caminhões e de navios. Os resultados apresentados mostram que é mais barato e mais ágil escoar a produção da região Centro-Oeste para o Nordeste utililizando caminhões. Segundo a Conab, o custo da tonelada de milho transportado entre o Goiás e o Ceará pelas rodovias é de R$ 357. O prazo para a entrega é de três a seis dias.
Caso o transporte seja realizado via rodovias e portos, as despesas por tonelada de milho mais do que dobram, chegando a R$ 731. Por outro lado, se a produção for adquirida no Paraná, na região Sul, o valor do frete do grão para o Nordeste não sai por menos de R$ 657 por tonelada. Segundo a Conab, os preços elevados se devem à cabotagem. Além disso, há demora na entrega uma vez que é necessário esperar por vários caminhões até que o navio graneleiro seja abastecido. A situação é agravada pela redução no número de caminhões disponíveis e fila nos portos nesse período, de colheita de grãos.
Para o Ceará, foram prometidos 49,1 mil toneladas do grão de um total de 340 mil toneladas para todos os estados atingidos pela estiagem. Durante o anúncio, o governador do Ceará, Cid Gomes, prometeu a realização de uma “operação de guerra” para a distribuição do milho e defendeu a utilização do modal marítimo.
Insuficiente
De acordo com o diretor da Federação de Agricultura e Pecuária do Ceará (Feac), Carlos Bezerra, a nova remessa do grão destinada ao Estado é insuficiente para a demanda de abril e maio. Ele explica que os produtores cearenses precisam mensalmente de, no mínimo, 35 mil toneladas de milho. Necessidade que, nos últimos seis meses, não foi atendida, uma vez que o Estado só recebeu 78,5 mil toneladas por meio dos armazéns da Conab.
Ainda segundo Bezerra, além de bancar com o transporte do milho até as propriedades, produtores cearenses estão recebendo cotas que não são suficientes para alimentar o rebanho. “É necessário um volume maior. Em Quixeramobim, por exemplo, os produtores só são atendidos com 10 sacas. Produtores que têm 200 a 300 cabeças de gado, 10 sacas não resolvem o problema da alimentação”, explica Bezerra.
Por quê
Entenda a Notícia
A presidente Dilma Rousseff esteve no Ceará na última terça-feira para anunciar medidas de comabate à seca no Nordeste, somando R$ 9 bi em ações, dentre as quais o envio de milho para região.
Extraído de: O Povo