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Segunda, 19 Setembro 2011 12:25

O PROTECIONISMO NÃO COMBINA COM COMPETITIVIDADE LOGÍSTICA

O aumento das alíquotas de IPI para veículos importados foi literalmente imposto pelo governo de forma sorrateira e sem nenhum tipo de aviso prévio aos importadores e representantes das marcas afetadas, isso sem contar na inconstitucionalidade e ilegalidade da medida sob o ponto de vista da OMC (Organização Mundial de Comércio).   Muitos devem se lembrar da célebre frase proferida pelo ex-presidente Fernando Collor, que ao ser questionado sobre as qualidades dos veículos japoneses respondeu: os nossos carros são carroças...   Ao ouvir tais palavras, percebi que finalmente teríamos abertura econômica e produtos importados.   Quem tem menos de 35 anos talvez nem perceba o que ocorreu desde este período até hoje. Antes da abertura econômica, os veículos nacionais de luxo não passavam de picapes com cabine dupla e os nossos veículos esportivos eram os famosos Puma, com motor de Brasília (o velho motor 1600 refrigerado a ar). O que aconteceu após a abertura econômica foi algo impressionante.   Quem tinha picape cabine dupla, mudou a sua compra para veículos de marcas importadas, principalmente Mercedes Benz e BMW e isto não aconteceu só no setor automotivo. Todas as cadeias produtivas do país foram colocadas frente a frente a padrões mundiais de eficiência e eficácia empresariais.   Cadeias produtivas inteiras que não se enquadrassem nesses novos padrões de eficiência e eficácia, foram a bancarrota. Vale lembrar que é nessa época que surgiram diversos programas voltados para a competitividade das cadeias produtivas nacionais.   O país viveu um novo alvorecer de busca pela competitividade. Novas áreas de pesquisas e estudos foram criadas e implantadas nas universidades e empresas do país. Dentre essas áreas encontrava-se a logística.   Em 1997 assumi na ULBRA em Canoas, a nova disciplina do curso de Administração, chamada de Logística II (que tratava de transporte e distribuição).   Desta época até hoje, as empresas do país viveram uma verdadeira revolução na sua capacidade e competência de gestão, fazendo com muitas se tornassem competidoras mundiais. Tudo isso se deve ao simples fato de que a abertura econômica trouxe a necessidade de sobrevivência das empresas e para sobreviver é necessário ser competitivo.   A competição é o motor propulsor da inovação e isto proporciona produtos melhores e mais baratos. O consumidor, ao adquirir um produto de consumo final, retribui à empresa e sua cadeia de suprimentos o privilégio do valor do produto, expresso pelo dinheiro gasto na sua aquisição.   É isso que traz a evolução de um sistema econômico capitalista. Inverter esta lógica através de qualquer mecanismo de proteção só serve para deturpar os mecanismos de competitividade e proporcionar produtos mais caros e piores. A competição nos faz mais espertos, trabalhar mais, estudar mais, pensar mais. A proteção nos coloca na zona de conforto e, portanto não é necessário que sejamos competitivos.   Fico pasmo com as medidas protecionistas adotadas pelo governo em relação aos veículos importados, não por esta medida em si, mas pela possibilidade que surge de ampliar este modus operandi para outras áreas.   Neste caso a logística, que é um fator fundamental de competitividade, poderá ser relegada a um segundo plano em todos os níveis (pesquisa, ensino, extensão, aplicação).   Permitir o protecionismo é o mesmo que boicotar a competitividade.     Por: Mauro Roberto Schlüter
IPELOG
mauro@ipelog.com