?O Porto Seco de Porto Alegre vai expandir sua área nos próximos dois anos e o número de empresas que operam no local vai aumentar em 31%. Até junho de 2015, mais 12 transportadoras devem se instalar no complexo.
A projeção é da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic). Com isso, serão 50 companhias no local, que hoje conta com 38 empreendimentos - 36 que já atuam e outros dois em processo de instalação.
A ampliação da capacidade do Porto Seco será feita com recursos da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal. Serão aplicados R$ 33,4 milhões.
O secretário adjunto da Smic, José Olmiro Oliveira Peres, informa que a intenção é de que as obras sejam iniciadas até dezembro deste ano, devendo ser finalizadas em 18 meses. Para que a previsão se confirme, Peres observa que a portaria que trata do repasse financeiro deve sair em, no máximo, 60 dias, para cumprir com os prazos de abertura de licitação da empresa que executará a obra.
A revitalização da área abrange 1,7 quilômetro de vias, desafogando a região e ampliando a capacidade de circulação de caminhões. “Essa obra vai envolver pavimentação, drenagem, iluminação pública e sinalização viária”, assegura Peres.
A avenida Plínio Kroeff será ampliada, passando a contar com duas pistas, canteiro central e ciclovia. Mas o grande feito para as empresas, conforme destaca o presidente da Associação dos Proprietários e Usuários do Porto Seco (Porto Seco Logística e Transporte), Afrânio Kieling, é a criação do acesso Norte, que ligará as avenidas Assis Brasil e Plínio Kroeff.
“O acesso é um problema, porque os caminhões têm que passar por ruas que não estão preparadas, não têm adensamento do piso, para comportar o peso das cargas. Quando o acesso Norte estiver pronto, isso vai acabar, além de não atrapalhar a população do entorno, já que os caminhões não terão a necessidade de passar por ruas internas”, explica Kieling.
Além do atendimento de uma demanda das empresas instaladas no Porto Seco, as obras irão melhorar a mobilidade urbana desta zona, dando maior atratividade para que empresas da Região Metropolitana se instalem na área.
“Uma obra desse porte gera não só mobilidade urbana, mas assegura outras condições para empresas que estão situadas no entorno operem melhor, estimulando o desenvolvimento na região”, sintetiza Peres.
Porto Seco: Pensado na década de 1970 para concentrar empresas de logística em uma área da cidade, o Porto Seco de Porto Alegre fica na zona Norte da Capital, próximo das rodovias BR-290 (Freeway) e BR-116, e a 10 quilômetros do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Antes, as companhias desse setor ficavam na região do 4º Distrito. A partir dos anos 1980, as primeiras transportadoras passaram a operar no Porto Seco, que hoje conta com 38 empresas, sendo que 36 já atuam e outras duas estão em processo de instalação. O eixo central do complexo é formado pela avenida Plínio Kroeff, que passará por melhorias viárias até 2015, permitindo a atração de outras operações. A projeção da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) é de que, nos próximos dois anos, chegue a 50 o número de empresas instaladas no local. O Porto Seco movimenta 100 mil toneladas ao dia, gerando 5 mil empregos diretos e mais de 2 mil indiretos.
Melhorias de infraestrutura devem ser contínuas, diz Kieling
O presidente da Associação dos Proprietários e Usuários do Porto Seco (Porto Seco Logística e Transporte), Afrânio Kieling, avalia que o complexo logístico depende de ações céleres para evitar que as iniciativas de melhoria tornem-se obsoletas.
“Nós movimentamos a área de serviços”, afirma Kieling sobre a importância do empreendimento. “Talvez o Porto Seco seja o maior polo de concentração de serviços. Temos quase 1 milhão de metros quadrados”, acrescenta, lembrando que muitas empresas têm interesse de iniciar projetos no local, mas anseiam por melhores condições.
O presidente do Porto Seco ressalta, ainda, que o volume de carga diária é de 100 mil toneladas por dia. “Muitas empresas que estão aqui abastecem a cidade. A gente vai às compras e espera ter os produtos nas prateleiras, mas às vezes se esquece de que existe todo um trabalho de logística por trás.”
Para completar, o complexo tem alto potencial de empregabilidade de mão de obra. Segundo o secretário adjunto da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), José Olmiro Oliveira Peres, o Porto Seco é responsável por 5 mil empregos diretos e uma gama elevada de indiretos.
O impacto das atividades mantidas no Porto Seco, segundo Kieling, justifica a necessidade de política constante de atenção às necessidades das empresas instaladas no local. “A gente tem um bom relacionamento com a prefeitura e eles têm tido boa vontade, mas está difícil de acontecer”, queixa-se.
A reclamação revela descontentamento com a burocracia que emperra até mesmo a boa vontade do poder público. “Não posso negar a boa vontade dos órgãos da prefeitura, mas essas coisas são lentas. É muita burocracia para se conseguir alguma coisa. A burocracia dos processos é que tem travado os nossos avanços, como tudo nesse País”, argumenta.
A preocupação com a lentidão de ações que beneficiem o complexo é histórica. Kieling destaca que o projeto do Porto Seco aguarda investimentos há 30 anos. “Estamos em pleno desenvolvimento e ao mesmo tempo estamos tão atrasados, que quando as medidas chegarem já vão estar obsoletas”, argumenta.
Lembrando o histórico do complexo, o presidente do Porto Seco comenta que quando as atividades começaram, a região não tinha praticamente nenhuma atração, “era só mato”. “Não tinha nada e hoje ficou urbanizada”, comenta.
Com a expansão da urbanização no entorno, a área para o Porto Seco ser ampliado foi ficando cada vez mais restrita. Medidas específicas para o complexo, inclusive que considerassem a possibilidade de ampliação do local no Plano Diretor da cidade, seriam bem-vindas se acompanhassem os atuais investimentos em infraestrutura, mobilidade urbana e mais ações de segurança pública, avalia Kieling.
“Reconheço o trabalho que vem sendo feito e sei que é difícil. A mobilidade tem muitas questões do entorno que não são só de interesse e impacto para o Porto Seco. É uma situação das cidades, em todo País”, contrapõe.
Extraído do Canal do Transporte